A LOJA DE DESTINOS
Era uma vez uma loja, mas não era qualquer uma, era uma loja
de destinos.
Cheia de ofertas tentadoras, algumas coisas em liquidação,
outras com preço alto, como em toda loja que se preze, tinha “produtos” com
preço de custo e uns que ficavam quase escondidos na prateleira, eram aqueles
que quase ninguém comprava, que já foram pra vitrine várias vezes, que todo mundo
passava a vista, mas ninguém “corria o risco” de levar pra casa.
Até que um dia um grupo de meninas entrou na loja, ficaram
todas deslumbradas com as ofertas, nunca tinha entrado numa loja “desse tipo”,
como assim? Destinos à venda?
Pois é crianças, os destinos que estão à venda são esses,
estão dispostos em prateleiras, podendo ser vivido a qualquer momento. Qual o
destino que vão levar hoje? Ofereceu a vendedora, com um ar de mistério na voz,
na verdade era um tom de deboche.
“o que essas meninas, cheias de conceitos engessados,
vivendo num mundinho bem confortável, estão fazendo numa loja de destinos?”
pensou a “ vendedora de destinos”.
Cada uma daquelas meninas tinham uma vida meio congelada no tempo
mesmo, a vendedora tinha um pouco de razão, ela só não sabia que elas
descobriram há pouco tempo que o prazer de ser feliz era bem diferente do que
tinham vivido até aquele momento.
Eram seis meninas, com vidas bem distintas, com conceitos e
pré- conceitos bem declarados, chegavam a ser ridículas quando “pregavam” sobre
a vida, mas ali estavam e iam se concentrar em comprar o destino da vez.
Uma se adiantou logo e pegou na prateleira: momentos
intensos, viagens, passeios e liberdade. Porém não percebeu que ainda não era a
tal reciprocidade procurada.
A segunda não leu duas vezes e escolheu: promessas de vida nova,
companhia e romantismo. Esqueceu-se de ler que o medo seria sua companhia e a
falta de apoio a faria retornar para a estaca zero.
A terceira não quis nem se mexer, preferiu não comprar nada
e não satisfeita, recriminou quem estava comprando. E Mesmo não tocando em
nada, essa se esqueceu de ver que na porta da loja, havia um letreiro que dizia:
“Se você não leva o destino, o destino te leva”.
Outra escolheu na prateleira de olhos fechados, sem querer
saber o que a esperava, pegou o “destino” e engoliu, por que qualquer coisa que
viesse seria melhor do que aquilo que vivia. Pois é, essa teve que engolir
também: preconceitos, falatórios,
invejas e muita coisa nova, além de uma casa cheia de amor, paz e harmonia.
Teve a que demorou pra se decidir, mas escolheu: vida nova,
um “estrangeiro”, romantismo, cuidado, liberdade, trabalho novo. Essa me parece
que foi a que menos prestou atenção nas letras miúdas do rótulo, que tinha: SUA
VIDA SERÁ REINICIADA. Pois é, dessa aqui posso falar com mais propriedade. Parece que o destino disse : você quer viver
tudo isso de graça? Vamos ver se sua vontade de viver supera tudo.
No profissional a frase foi a seguinte: LARGUE TUDO,
REDESCUBRA SUA VOCAÇÃO. E assim tudo foi reduzido ao nada, ela teve que começar
novamente, saiu do emprego promissor, se frustrou, foi demitida de um, pediu
pra sair de dois, pagaram mal e não houve reconhecimento, agora parece que
nesse critério as coisas começaram a andar.
Amigos? Hã? Isso mesmo, o destino disse: FAÇA NOVOS, ela
está triste por perder os velhos, mas já entendeu que só quem aguenta são os
fortes mesmo e quem não ficou, quem não esperou, quem não entendeu, se perdeu.
Mais tinha uma coisa que dizia: Sua família é o seu maior refúgio,
se alie a eles, se aproxime e verá o quanto isso fortalecerá cada segmento da
sua vida.
E eu fiz, fiz tudo que o destino mandou e tantas vezes me
perguntei por que, tantas vezes pensei em desistir e tantas outras procurei
culpados, mas sei que não adianta parar, o caminho já foi escolhido e eu quero
mesmo é seguir, por que a recompensa vale ouro e eu estou mergulhada nisso até
o pescoço, não há por que voltar atrás.
Ah! Quase me esqueci.
Teve uma última que comprou o destino e desistiu, mas já era
tarde, parte dele já tinha se “entranhado” e parte dele seria vivido, mas nunca
seria pra sempre, ela não largaria o
conforto, mas viveria a montanha russa
de querer e se arrepender depois.
Depois que as seis deixaram a loja, cada uma foi pra um
lado, como se aquele passeio nem tivesse havido, a ida aquela loja, já era uma peça do destino e por isso, apenas três mantiveram-se unidas
e estão hoje vivendo a reciprocidade, o inesperado e o reinicio.
“viva a loja do destino”